Nádia Acauã é da tribo tupinambá e
defende que é preciso ter indígenas nos conselhos de cultura
Apesar de ter forte presença na
região, a cultura indígena ainda amarga um posto de não representatividade nos
conselhos municipais de cultura do Território de Identidade do Litoral Sul. Com
exceção de Ilhéus, nenhum outro órgão em funcionamento possui espaço para
representantes indígenas. O resultado é cada vez menos debates e políticas
voltadas às comunidades que têm lutado pela manutenção das suas terras e ações
culturais.
Um exemplo está em Buerarema,
cidade marcada por violentos conflitos entre agricultores e indígenas. Segundo
a gestora de cultura Milena Pinto, o clima de tensão é tamanho que é
“praticamente impossível” manter uma representação indígena no conselho de
cultura. “Vivemos um momento de tensão. E na lei que pretendo formular para o
conselho, só poderá participar instituições devidamente formalizadas”, disse.
Outro entrave é a falta de um
mapeamento das tribos e das suas ações culturais. Membro da tribo tupinambá e
defensora da ideia de que é preciso ter indígenas nos conselhos municipais de
cultura, Nádia Acauã garante que há falta de ação política para reverter o
quadro. “E o governo diz que somos prioridade na sua gestão. E não só os
indígenas, mas todos os povos e comunidades tradicionais”, comenta.
Nádia lamenta que são necessárias
ações de infraestrutura para facilitar o acesso às áreas indígenas, onde é
preciso fortalecer trabalhos focados nas questões culturais. “A nossa geografia
é um obstáculo. Não é fácil percorrer áreas indígenas com estradas que
dificultam o acesso. Falta uma política que fortaleça nossas demandas de
sustentabilidades. As ações ficam no papel”, finaliza.
Nádia assegura que indígenas nos
conselhos podem ajudar a fortalecer as comunidades em ações de acompanhamento,
fiscalização e encaminhamento de demandas. Outro aspecto relevante é o fato de
ser reconhecido enquanto território de identidade cultural áreas com
representação de diversidade nas regiões rurais e urbanas. “Essa
representatividade, apesar de sermos minoria, é presente e ativista. Não basta
ser de povos e comunidades tradicionais, tem que ser militante. Essa é uma
marca do território”, argumenta.
CASO EXEMPLAR - O Conselho
Municipal de Cultura de Ilhéus é um sinal de que a situação dos conselhos pode
ser melhor no Território do Litoral Sul. Existente desde 1989, o conselho tem
reuniões que acontecem toda última quarta-feira do mês e possui sua página
virtual (clique aqui e acesse).
Pawlo Cidade, (foto) o atual presidente,
revela que o bom andamento do órgão é baseado no compromisso dos próprios
conselheiros. O poder de articulação de Cidade também pode ser considerado um
dos motivos do avanço. Além de presidente, ele está à frente do Colegiado
Setorial de Teatro e será um dos membros do Conselho Estadual de Cultura da
Bahia, após ser eleito na Conferência Estadual para representar seu território.
“A articulação é importante. Mas
isso depende de como se conduz o trabalho. Sempre primei pela organização,
transparência, respeito, integridade e profissionalismo. Se você tem a ética
como diretriz do seu trabalho, e a honestidade como ponto de partida de suas
metas, as pessoas acreditam no que você faz”, revela.
Para melhorar a situação dos
conselhos municipais do seu território de Identidade, Pawlo diz que vai tentar
visitar todos os municípios do Litoral Sul e articular para que as cidades que
ainda não possuem o órgão em atividade (75%) criem suas representações.
“Irei propor reuniões itinerantes
no Conselho Estadual de Cultura para fazer com que o órgão fique cada vez mais
perto dos municípios. Criar conselhos não será nenhum problema. O problema
estará na sua finalidade e na sua composição, que precisa ser bem estruturada e
paritária”, garante.
Fonte: ASCOM/CEC.
mesmo com muita contradição, oposição a tramitação do conselho e outras pantomimas do meio o conselho foi criado com muita disposição por conta da luta tem nome...
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