quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

CONSELHO DE CULTURA DE ILHÉUS É CONSIDERADO EXEMPLAR PELO CEC

Nádia Acauã é da tribo tupinambá e defende que é preciso ter indígenas nos conselhos de cultura

Apesar de ter forte presença na região, a cultura indígena ainda amarga um posto de não representatividade nos conselhos municipais de cultura do Território de Identidade do Litoral Sul. Com exceção de Ilhéus, nenhum outro órgão em funcionamento possui espaço para representantes indígenas. O resultado é cada vez menos debates e políticas voltadas às comunidades que têm lutado pela manutenção das suas terras e ações culturais.

Um exemplo está em Buerarema, cidade marcada por violentos conflitos entre agricultores e indígenas. Segundo a gestora de cultura Milena Pinto, o clima de tensão é tamanho que é “praticamente impossível” manter uma representação indígena no conselho de cultura. “Vivemos um momento de tensão. E na lei que pretendo formular para o conselho, só poderá participar instituições devidamente formalizadas”, disse.

Outro entrave é a falta de um mapeamento das tribos e das suas ações culturais. Membro da tribo tupinambá e defensora da ideia de que é preciso ter indígenas nos conselhos municipais de cultura, Nádia Acauã garante que há falta de ação política para reverter o quadro. “E o governo diz que somos prioridade na sua gestão. E não só os indígenas, mas todos os povos e comunidades tradicionais”, comenta.

Nádia lamenta que são necessárias ações de infraestrutura para facilitar o acesso às áreas indígenas, onde é preciso fortalecer trabalhos focados nas questões culturais. “A nossa geografia é um obstáculo. Não é fácil percorrer áreas indígenas com estradas que dificultam o acesso. Falta uma política que fortaleça nossas demandas de sustentabilidades. As ações ficam no papel”, finaliza.

Nádia assegura que indígenas nos conselhos podem ajudar a fortalecer as comunidades em ações de acompanhamento, fiscalização e encaminhamento de demandas. Outro aspecto relevante é o fato de ser reconhecido enquanto território de identidade cultural áreas com representação de diversidade nas regiões rurais e urbanas. “Essa representatividade, apesar de sermos minoria, é presente e ativista. Não basta ser de povos e comunidades tradicionais, tem que ser militante. Essa é uma marca do território”, argumenta.

CASO EXEMPLAR - O Conselho Municipal de Cultura de Ilhéus é um sinal de que a situação dos conselhos pode ser melhor no Território do Litoral Sul. Existente desde 1989, o conselho tem reuniões que acontecem toda última quarta-feira do mês e possui sua página virtual (clique aqui e acesse).


Pawlo Cidade, (foto) o atual presidente, revela que o bom andamento do órgão é baseado no compromisso dos próprios conselheiros. O poder de articulação de Cidade também pode ser considerado um dos motivos do avanço. Além de presidente, ele está à frente do Colegiado Setorial de Teatro e será um dos membros do Conselho Estadual de Cultura da Bahia, após ser eleito na Conferência Estadual para representar seu território.
“A articulação é importante. Mas isso depende de como se conduz o trabalho. Sempre primei pela organização, transparência, respeito, integridade e profissionalismo. Se você tem a ética como diretriz do seu trabalho, e a honestidade como ponto de partida de suas metas, as pessoas acreditam no que você faz”, revela.

Para melhorar a situação dos conselhos municipais do seu território de Identidade, Pawlo diz que vai tentar visitar todos os municípios do Litoral Sul e articular para que as cidades que ainda não possuem o órgão em atividade (75%) criem suas representações.

“Irei propor reuniões itinerantes no Conselho Estadual de Cultura para fazer com que o órgão fique cada vez mais perto dos municípios. Criar conselhos não será nenhum problema. O problema estará na sua finalidade e na sua composição, que precisa ser bem estruturada e paritária”, garante.

Fonte: ASCOM/CEC.

Um comentário:

  1. mesmo com muita contradição, oposição a tramitação do conselho e outras pantomimas do meio o conselho foi criado com muita disposição por conta da luta tem nome...

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